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Kamila Pitombeira
29/03/2011
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Excelente matéria-prima para a produção de vinhos brasileiros, uvas produzidas pela Epagri em regiões de altitude catarinenses têm mostrado ótimo resultado, pois contam com clima favorável e menor incidência de pragas e doenças, além de diversos outros fatores. De acordo com o engenheiro agrônomo e doutor em enologia Jean Pierre Rosier, as uvas em altitude se diferenciam das comuns, pois contam com uma influência climática que desloca o ciclo de produção.
– As uvas do sul do Brasil, normalmente são produzidas e colhidas no mês de fevereiro. Já nossas uvas têm seu ponto de colheita determinado somente no final de março, abril ou até mesmo no mês de maio. Isso porque, nos locais de altitude de Santa Catarina, acima de 1000 metros, o clima é bem mais frio – conta o engenheiro.
Segundo ele, esse é o diferencial responsável por deslocar o tempo do ciclo da videira. Ao mesmo tempo, o clima nessa época do ano é mais seco. As noites são frias, dias ensolarados e a quantidade de chuva é bem menor, o que, para Jean, permite uma maturação de excelente qualidade.
– Os produtores se beneficiam por ter uma produção de uva com maturação completa em uma época sem chuvas. Portanto, ela é uma matéria-prima excelente para a produção de vinhos – afirma.
Rosier chama atenção para a época de brotação. Esse é o período no qual os produtores devem ter mais cuidado, principalmente em relação a variedades precoces, pois essas podem enfrentar riscos como geadas tardias.
– Nessas regiões temos incidência de geadas anuais até o mês de novembro. Portanto, um grande cuidado é escolher bem a área para evitar danos por geada tardia nas variedades precoces – orienta o doutor.
Já a resistência das uvas de altitude contra pragas e doenças é a mesma. Mas, por outro lado, a incidência dos problemas é menor devido ao clima, principalmente no que diz respeito aos fungos, já que as noites frias inibem a atuação deles.
– Eles precisam de temperatura e umidade. Portanto, com essas duas condições restritas no clima de atitude, a possibilidade de infecção é bem menor – diz Jean.
Se por um lado a incidência de pragas e doenças diminui, por outro, a produtividade também. Rosier diz que essas regiões costumam ter solos fracos, além da temperatura fria que, aliada a esse solo de baixa fertilidade, proporciona uma produtividade pequena.
– Portanto, essas regiões são indicadas para a produção de uvas para vinho. Uma produtividade pequena normalmente não requer raleio de cachos no momento da colheita e, tendo uma menor quantidade por hectare, obtém-se uma qualidade maior – explica.
Além da produtividade, o custo também sofre mudanças, principalmente quando se trata do preço para a implantação da cultura. Segundo o engenheiro, existem três regiões de altitude em Santa Catarina. A primeira delas, região de São Joaquim, é pedregosa e conta com solos difíceis de serem trabalhados. Portanto, o custo de implantação é bem superior ao das regiões normais de cultivo.
– Nas demais, como Campos Novos e Água Doce, os solos são profundos e a dificuldade é bem menor, portanto, o custo se equipara aos investimentos normais. Mas, por outro, temos a possibilidade de ter, em anos normais, tratamentos fitossanitários também menores – ressalta Jean.
Para mais informações sobre o cultivo de uvas em altitude, basta entrar em contato com a Epagri através do número (48) 3239-5500.
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